POESIA MariaCarla e Amigos para Crianças

Mesmo que um adulto fique a contemplar a arte de uma criança, nunca a conseguirá admirar com olhos de artista.... (mesmo porque estes olhos serão só para o coração de alguns)
Seremos todos envelhecidos em corpos de estátuas. Que assim não sejam as nossas crianças.



Dia Mundial da Criança

1 de Junho

Participação

Vóny Ferreira, Rogério Peixoto, Pedro Martins, João Evangelista, Fernanda Esteves, Inês Dunas, Vitor Neves, Nuno Guimarães, Joana Menano, Nuno Marques, Giselda Marilsa, José Lobo, Roberto Armorizzi, Albano Ferreira, Susan Oliveira, Diana Miriam Dias, Maria Luiza da Silva, Clarisse Silva, Dany Filipa, Lila Marcia Marques, Henrique Fernandes, Ricardo Pacheco, Fátima Rodrigues, Maria Mateus, Paulo Ferreira, Alex Moraes, Graça Fernandes

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Descalços"

este é o dezembro dele...

a caminhar incauto por sobre ladrilhos represados
a imaginar a batalha de salvar a princesa
que ele nem ao menos escolheu...

Tem à mão,
um pedaço de pau a lhe ser espada
de escudo reluzente, tampa de panela raspada
um coração puro
desejo acrescido
alma de menino
corpo de menino
futuro,
pois
de um homem...

e repete-se à própria imaginação
ao paliar deste reino qual defronta
segue só, e acompanhado por anjos
distantes...
instantes...
na destreza infinda do pequeno infante
à guerrear com o mal,
qual,
ele nem ao menos considera...

de lá,
pode ele tocar o céu...
adestrar as mais temíveis feras
reclamar o seu trono
onde,
de lá,
ele é rei, e de todas as suas terras...
vastas, então...

Sol pesado...
alto, sim...

A cobrir-lhe os ombros cansados
ao açoite de fome, por qual lhe encomenda
à sua vivenda real, imersa
de contendas,
não...
pra lá,
ele não voltará...

da ilusão criança qual lhe induz...
à réstia apagada,
porém filtro
de luz
que lhe descende,
ao mero acto assertivo
dele,
do homem consentido,
que um dia,
será.

Ele caminha, pelo sol...


Alex Moraes

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Menina da Rua"

A noite estava estranha,
ensanguentada pela neve nocturna
que se concentrava na ria,
invadindo o teu olhar semicerrado e breve,
debruçado sobre o corpo e a alma fria.
.
As tuas mãos delineando as formas no passeio, tremiam.
Talvez de saudade, talvez de esperança...
Perdida na rua deserta,
as tuas lágrimas
reuniram-se no nosso mundo a meio...

Sem dinheiro, mas como vagabundo com coração,
rasguei um pedaço do meu casaco gasto
colocando-o sobre ti.
.
Acendi uma fogueira iluminando todo o quarteirão.
E se a fome a ambos fazia inclinar,
o pão que trazia no bolso chegou para ti.
Afinal o brilho que havia no teu olhar,
era a minha felicidade de contigo partilhar.
.
Que ser criança é a melhor coisa do mundo!
Um dia também fui pequenino!
Agora cresci mas vejo as estrelas com o mesmo olhar...
porque terei sempre alma de menino!
.
A menina da rua sorriu-me
E eu dei-lhe a mão sem hesitar.
.
Hoje vivemos numa rua alegre
numa avenida junto ao mar.



rainbowsky