Caminho pela praça
Olhos secos de olhar perdido
Espreitam-me, olham-me
Tentam com força de atração
Despertar-me para si
Aproximam-se de mim
Num gesto doido e insatisfeito
Pegam-me o braço
Olhos de pavor e delirio
É só uma criança
Mais uma criança que vende balas
Sem esperanças em quase transe
Pedem em suplica para que compre
Mãos tremulas, respiração ofegante
É só mais uma criança que vende balas
Cheiro adocicado sai de suas palavras
Sinto-me tonta atordoada
E fraca de pernas finas a criança tomba
Socorro rápido chega
É mais uma criança que vende balas
Vai ao hospital
Doença maldita
A Over Dose ataca de novo
Parada Cardiaca
Fim, uma vida se perde
Não amou não sofreu não sorriu
Perdeu-se num caminho de delirios
Vida sem ser vivida
Canção de roda não foi cantada
Sorriso não pronunciado
Vida curta de morte anunciada
Seu diamante não era lapido nem jóia
Era inalado ou fumado
Lágrimas ao meu suor
Quando mãe diz
Este não vai mais incomodar
Era apenas uma criança que vendia balas
Maria Luiza da Silva
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