POESIA MariaCarla e Amigos para Crianças

Mesmo que um adulto fique a contemplar a arte de uma criança, nunca a conseguirá admirar com olhos de artista.... (mesmo porque estes olhos serão só para o coração de alguns)
Seremos todos envelhecidos em corpos de estátuas. Que assim não sejam as nossas crianças.



Dia Mundial da Criança

1 de Junho

Participação

Vóny Ferreira, Rogério Peixoto, Pedro Martins, João Evangelista, Fernanda Esteves, Inês Dunas, Vitor Neves, Nuno Guimarães, Joana Menano, Nuno Marques, Giselda Marilsa, José Lobo, Roberto Armorizzi, Albano Ferreira, Susan Oliveira, Diana Miriam Dias, Maria Luiza da Silva, Clarisse Silva, Dany Filipa, Lila Marcia Marques, Henrique Fernandes, Ricardo Pacheco, Fátima Rodrigues, Maria Mateus, Paulo Ferreira, Alex Moraes, Graça Fernandes

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais uma criança...


Caminho pela praça

Olhos secos de olhar perdido

Espreitam-me, olham-me

Tentam com força de atração

Despertar-me para si

Aproximam-se de mim

Num gesto doido e insatisfeito

Pegam-me o braço

Olhos de pavor e delirio

É só uma criança

Mais uma criança que vende balas

Sem esperanças em quase transe

Pedem em suplica para que compre

Mãos tremulas, respiração ofegante

É só mais uma criança que vende balas

Cheiro adocicado sai de suas palavras

Sinto-me tonta atordoada

E fraca de pernas finas a criança tomba

Socorro rápido chega

É mais uma criança que vende balas

Vai ao hospital

Doença maldita

A Over Dose ataca de novo

Parada Cardiaca

Fim, uma vida se perde

Não amou não sofreu não sorriu

Perdeu-se num caminho de delirios

Vida sem ser vivida

Canção de roda não foi cantada

Sorriso não pronunciado

Vida curta de morte anunciada

Seu diamante não era lapido nem jóia

Era inalado ou fumado

Lágrimas ao meu suor

Quando mãe diz

Este não vai mais incomodar

Era apenas uma criança que vendia balas


Maria Luiza da Silva


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Barco de Papel

Olá meu barco de papel vai navegar

Imagino ir por águas cheias de tubarões

Sou grande pirata atrevido ou marinheiro cuidadoso

Sonho grandes tesouros encontrar a pátria defender



Navego na poça d’água da sarjetas da calçada

É brincadeira mas um dia queria ser marinheiro

Navegar em águas ruidosas de ondas gigantescas

Brinco de sonho para os adultos, vivo minha alegria



Verdade para mim, estou a cruzar os mares

Pela minha infância vou em barco de papel

Água pouca barco encalha problemas na proa

Ah! Não precisa rebocador sou voador



Do encalho saio com a mão

Não tenho mais barco tenho avião

Chegamos novamente agora em águas profundas

Vou assim a navegar em minha infância no meu barco de papel.



Maria Luiza da Silva-marialds.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Descalços"

este é o dezembro dele...

a caminhar incauto por sobre ladrilhos represados
a imaginar a batalha de salvar a princesa
que ele nem ao menos escolheu...

Tem à mão,
um pedaço de pau a lhe ser espada
de escudo reluzente, tampa de panela raspada
um coração puro
desejo acrescido
alma de menino
corpo de menino
futuro,
pois
de um homem...

e repete-se à própria imaginação
ao paliar deste reino qual defronta
segue só, e acompanhado por anjos
distantes...
instantes...
na destreza infinda do pequeno infante
à guerrear com o mal,
qual,
ele nem ao menos considera...

de lá,
pode ele tocar o céu...
adestrar as mais temíveis feras
reclamar o seu trono
onde,
de lá,
ele é rei, e de todas as suas terras...
vastas, então...

Sol pesado...
alto, sim...

A cobrir-lhe os ombros cansados
ao açoite de fome, por qual lhe encomenda
à sua vivenda real, imersa
de contendas,
não...
pra lá,
ele não voltará...

da ilusão criança qual lhe induz...
à réstia apagada,
porém filtro
de luz
que lhe descende,
ao mero acto assertivo
dele,
do homem consentido,
que um dia,
será.

Ele caminha, pelo sol...


Alex Moraes

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Menina da Rua"

A noite estava estranha,
ensanguentada pela neve nocturna
que se concentrava na ria,
invadindo o teu olhar semicerrado e breve,
debruçado sobre o corpo e a alma fria.
.
As tuas mãos delineando as formas no passeio, tremiam.
Talvez de saudade, talvez de esperança...
Perdida na rua deserta,
as tuas lágrimas
reuniram-se no nosso mundo a meio...

Sem dinheiro, mas como vagabundo com coração,
rasguei um pedaço do meu casaco gasto
colocando-o sobre ti.
.
Acendi uma fogueira iluminando todo o quarteirão.
E se a fome a ambos fazia inclinar,
o pão que trazia no bolso chegou para ti.
Afinal o brilho que havia no teu olhar,
era a minha felicidade de contigo partilhar.
.
Que ser criança é a melhor coisa do mundo!
Um dia também fui pequenino!
Agora cresci mas vejo as estrelas com o mesmo olhar...
porque terei sempre alma de menino!
.
A menina da rua sorriu-me
E eu dei-lhe a mão sem hesitar.
.
Hoje vivemos numa rua alegre
numa avenida junto ao mar.



rainbowsky

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Criança


Formosa essa flor, áurea luminescente,

Quão grande botãozinho, de seu ventre brotou,

Génese de algo, algum alguém forma inteligente,

Sorvendo saber, cedente de vida ao ser debotou.


Debutante de sonhos, fantasias reais,

Seu olhar translúcido, desnudando almas sem piedade,

De forma elevada, entregue a devaneios leais,

Erguendo-se, ao cimo do imo em mais bela idade.


Seu toque gentil, ternura inquietante,

Aquando de minha pele tocar, coração domar,

Dissecando minha essência, tornando-me transparente,

Ao ludibriar-me transpondo em seu olhar o mar.


Pedro Martins

sábado, 26 de junho de 2010

Rostos sujos e pés descalços

Entre estradas e gentes
vejo corações inocentes,
rostos sujos e pés descalços.

Uma criança
estende a mão
pedindo apenas um pão.

Passa tanta gente,
ninguém olha,
tudo lhes é indiferente.

Aquele rosto inocente,
atormentava a minha mente.

Voltei atrás,
peguei na mão da criança
de olhos enormes e tristes dizendo-me;

“SENHORA TENHO FOME”

Partilhamos sorrisos
por entre dois pratos de sopa
por ele comidos.

Mundo pérfido,
são eles e mais eles.

Mas será que ninguém vê?

Inocentes perdidos,
percorrendo esse maldito destino
que fazem estrada da vida!

Maria Mateus

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Vamos Brincar...

Saltámos sobre o bafo do dragão,
Esquivámo-nos das temivéis garras.
Elevando a sua poderosa arma na mão,
Adocicásmo-lhe o coração.

Saltámos sobre o seu dorso,
Firmámo-nos nas longas asas,
E de um só grito, “o seu formoso”,
Partimos à aventura... “Zás!”.

(O que quis dizer:)

Num papel, um dragão a pintar...
Envoltos num abraço em prosa,
Com o seu batom de brincar,
Pintámo-lo de cor-de-rosa.

Olhou-me fundo nos olhos, “Ai!”...
Num aperto, o meu respirar roubou,
(apertou-me num longo abraço)
E disse-me baixinho “amo-te pai”...
(ecuou dentro do meu peito)
E voámos, para onde o tempo parou.

Pedro Martins

quinta-feira, 24 de junho de 2010

NÃO TE ESQUEÇAS



Não te esqueças,
menino,
de remexer a terra.
Serão tuas mãos alvas
o sulco à espera flor.

Senta-te nas encostas
sem medo de cair
Lança um papagaio de papel
para o vento brincar.
O sol é uma estrela
que cansado nos espreita
As nuvens
carrosséis giratórios
Onde brincam os anjos.

Não te esqueças,
menino, de semear na terra.
Para que da planta
nasça a flor
e depois, o fruto!

Não te esqueças,
criança
que és tu o futuro!

Vóny Ferreira

A FOME

O grito faminto
calou-se...
nas consciências.

O choro da criança
gatinhou pelo deserto.

O menino com fome
adormeceu no cansaço
Sem travesseiro
Sem mantas
a tapar a miséria!

A luz do universo
apagou-se na noite…

Avalanches de desespero
soterraram a esperança.

A mãe do menino
alimentou-o
com o pranto
E viu-o partir
nas asas de um anjo…!

(VÓNY FERREIRA)

sábado, 19 de junho de 2010

"Menino de Mil Mundos"


Menino de mundos mil

Que mil mundos tu dominas

E neste vil mundo tu sobrevives

Quantas vezes vais tu, nele, ao fundo…

Quantas, da tua dignidade, declinas…


Tu passeias o teu sorriso

Por entre gente, sem siso

Que, neste mundo, desconhece

Como, o amor, acontece

E, tantas vezes, tal ao que parece

Apenas, vive de ódios e maldade

E desconhece a fraternidade

Nem sabe o que, dela, transparece...

Nem um mínimo, que é preciso


É gente que atenta, contra a tua infância!


Que, de modo bestial,

Exploram a desigualdade,

E impõe a sua vontade

Como o faz um animal

Sem usar de qualquer moral


Segue as almas, que bem, ou mal

Tentam por termo à arrogância

Tentam fomentar a tolerância

E que, em tentativa abissal,

Querem exterminar a ganância


As que lutam pela igualdade

Que lutam pela fraternidade

Provocando grande ânsia

Em mundos de mil vontades

Que proliferam, em mentes doentes

Para quem mil mundos seriam insuficientes

E que, sem qualquer pudor, camuflam as verdades


apsferreira

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Menina de triste olhar


Menina de triste olhar

Teus cabelos cor do sol fizeram-me sonhar

E à minha infância voltar

Quando só queria correr e pular!

Olhando-te entristeço

Apercebo-me que bem diferente de mim,

Tua infância não vives...

Apenas sobrevives!

Tu que brincas pela rua

Vives a idade da inocência...

na violência

Olhos carregados e tristes...

como da mais negra nuvem nos dias de tempestade

chovem deles a revolta

pela falta de caridade

Descarregas relâmpagos de raiva

desse teu corpo frágil

jogando e correndo...tão ágil!

Da crueldade fizeram tua morada

De tua cama a pancada

Teu rostinho não descansa na almofada

Apenas...na bofetada!

Defendes-te... sendo por fora dura

Pobre criança de alma nua!

Aprendeste a não confiar

E para sobreviver... a enganar...

até a roubar

Para a fome e o frio não te matar!

Com tua dor não posso terminar...

Apenas amenizar!

Pobre menina de triste olhar

Que irá o futuro te reservar?

Fátima Rodrigues

Crianças, frágeis sementes



Crianças, sementes pequeninas,

Ternas, doces e tão franzinas

Seres de harmonia, tão inocentes,

Francos sorrisos no futuro tão crentes



Fátima Rodrigues

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sorriso de Criança

Do ventre da mãe
Nasce a esperança
A alegria, o sorriso
Do ventre da mãe
Nasce a criança

Do sonho, à realidade
São nove meses de gestação
Momentos de ansiedade
De esperança, emoção

A criança nasce
De colo em colo balança
Sente-se a alegria
Cresce a esperança
De viver num reino de fantasia

O tempo passa
A criança cresce
Sente-se a mudança
Vinda do sorriso dessa criança

Criança,
Vive a sorrir
Cantar,
Correr,
Saltar
Vive essa idade
Que te deixará saudade
Mais cedo ou mais tarde

Ser criança,
É sentir alegria
É viver intensamente
A luz do dia

Ricardo Pacheco

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ser Criança é Ser Poesia

Ser criança é ser poesia,
é receber carinho noite e dia
e crescer pela mão de um pai
que sabe ser criança.

Cada brincadeira
é um poema de inocência,
escrito num sorriso.

Ser criança
rima com esperança
declamada no colo de uma mãe.

Ser criança
é um verso de amor,
um céu de alegria
que infelizmente não toca
os olhos de todas as crianças.

Henrique Fernandes

Ser Criança

Ser criança
É poder dançar a dança
Do Divino.
É estar ainda perto da energia pura
Que nos cria(em ali)ança
É ser menina
Ou menino
Por inteiro. De verdade,
Nem pensar em idade
É amar de corpo e alma
E na brincadeira
Buscar a calma
E na corredeira
Lavar a alma.

Ser criança
É a pujança
Do sorriso.
É, com certeza,
Ter juízo.
Que o juízo está no peito,
Deslocá-lo é desrespeito
À lei natural das coisas
A lei que nos ensina de fato
Que somos filhos do sol
E do mato
Somos parte do rio e do mar
Somos riso por tudo e por nada
Somos prantos de alma lavada
Somos luz desta imensa luz
Que nos faz fluir verdadeiros
Essência pura e primeira.

Ser criança
É barrar sem saber
As prisões que se oferecem
Para impor que cresçamos e deixemos
Cada dia mais de lado
A pureza que mora em nós e sempre morará

É deixar-se viver sempre no natural estado
É permitir-se estar sempre neste Espaço Sagrado,
Onde moram as fadas e os magos
O Divino e a luz.

É um rio onde nos deleitamos
E nadamos nus
Isto, sim, é ser criança...

Lila Marques

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O meu, o teu, o nosso Mundo!

Ele dorme a um canto qualquer
sem aconchego,
sem conforto...

O seu despertador são tiros pelo ar,
são gritos de desespero,
de morte,
de dor...

Ele não faz birra para ter uma bonita bola de futebol
ou para ter uns ténis de marca...
Ele joga à bola com uma lata
e pontapeia descalço...
Saltando,
correndo
e até rindo!

Ele não chora porque não quer comer
ou porque prefere antes umas guloseimas...
Ele chora porque tem fome,
porque tem sede...

Ele não deseja não ir à escola,
não fazer os trabalhos de casa...
Porque ele não sabe escrever,
não sabe ler...
Mas sabe o que é trabalhar!

E falamos nós nas politiquismos em direitos de criança?
Em direitos de igualdade?

Paramos nós um segundo para pensar no que não queremos ver?
No que fingimos não saber?
Mas que faz parte do meu,
do teu,
do NOSSO MUNDO...

Danyfilipa

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A idade dos porquês

Na hora mais inusitada
Vejo-me questionada
Sorrindo quase choro
Resignada imploro:
Ai, meu Deus….

Porque é azul o céu?
Porque o sol é quente?
Como o bebé nasceu?
O que é adolescente?
Porque a relva é verde?
Para que serve a chuva?
Porque há gelo no inverno?
O que é o inferno?
Porque está calor no verão?
Porque bate o coração?

Para que serve a língua?...


Espanto descomunal…!
Abandono o racional
Desato à gargalhada
Sinto-me inchada…!

Um fascínio de idade
Pureza de ingenuidade.
Ser mãe é maravilhoso
Sonho dos sonhos, delicioso.

É engraçado
E desconcertante
O teu rosto espantado
Na descoberta do mundo.

Clarisse

O nosso acordar



Levanto-me, vejo a hora

Está na hora de me ir embora.

Acorda meu pequenino

Olha este dia matutino

Está um lindo sol lá fora

Anda meu amor!

Deixa tirar o cobertor

Está na hora de irmos embora!


“Tenho frio” - sempre a resmungar

E eu aflita a ver as horas passar…

Faço um trapézio para o vestir

E nem um arrepio sentir.

E já com os nervos em franja

Paciência nem sempre se arranja

Lá o visto debaixo dos lençóis

Ardem em mim mil sóis.


Já em direcção da cozinha

A hora cada vez mais curtinha

Micro-ondas a todo o vapor

O que vai comer o pequenino grande amor?!

Enquanto reúne os membros da assembleia

E tomar a decisão mais acertada

Caminho eu para a epopeia

De me vestir em frio apressada!


Quando regresso à cozinha

Eis que sou informada:

“Mãe, quero cereais na malguinha”,

Lá vou eu agitada!

Olho a hora,

Vamos lá sair pela porta fora

Saio com o pé direito

Penso em Deus e encho o peito


Vamos à batalha de mais um dia

Haja força e alegria…!


Clarisse