sábado, 26 de junho de 2010
Rostos sujos e pés descalços
vejo corações inocentes,
rostos sujos e pés descalços.
Uma criança
estende a mão
pedindo apenas um pão.
Passa tanta gente,
ninguém olha,
tudo lhes é indiferente.
Aquele rosto inocente,
atormentava a minha mente.
Voltei atrás,
peguei na mão da criança
de olhos enormes e tristes dizendo-me;
“SENHORA TENHO FOME”
Partilhamos sorrisos
por entre dois pratos de sopa
por ele comidos.
Mundo pérfido,
são eles e mais eles.
Mas será que ninguém vê?
Inocentes perdidos,
percorrendo esse maldito destino
que fazem estrada da vida!
Maria Mateus
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Vamos Brincar...
Esquivámo-nos das temivéis garras.
Elevando a sua poderosa arma na mão,
Adocicásmo-lhe o coração.
Saltámos sobre o seu dorso,
Firmámo-nos nas longas asas,
E de um só grito, “o seu formoso”,
Partimos à aventura... “Zás!”.
(O que quis dizer:)
Num papel, um dragão a pintar...
Envoltos num abraço em prosa,
Com o seu batom de brincar,
Pintámo-lo de cor-de-rosa.
Olhou-me fundo nos olhos, “Ai!”...
Num aperto, o meu respirar roubou,
(apertou-me num longo abraço)
E disse-me baixinho “amo-te pai”...
(ecuou dentro do meu peito)
E voámos, para onde o tempo parou.
Pedro Martins
quinta-feira, 24 de junho de 2010
NÃO TE ESQUEÇAS
Não te esqueças,
menino,
de remexer a terra.
Serão tuas mãos alvas
o sulco à espera flor.
Senta-te nas encostas
sem medo de cair
Lança um papagaio de papel
para o vento brincar.
O sol é uma estrela
que cansado nos espreita
As nuvens
carrosséis giratórios
Onde brincam os anjos.
Não te esqueças,
menino, de semear na terra.
Para que da planta
nasça a flor
e depois, o fruto!
Não te esqueças,
criança
que és tu o futuro!
Vóny Ferreira
A FOME
calou-se...
nas consciências.
O choro da criança
gatinhou pelo deserto.
O menino com fome
adormeceu no cansaço
Sem travesseiro
Sem mantas
a tapar a miséria!
A luz do universo
apagou-se na noite…
Avalanches de desespero
soterraram a esperança.
A mãe do menino
alimentou-o
com o pranto
E viu-o partir
nas asas de um anjo…!
(VÓNY FERREIRA)
sábado, 19 de junho de 2010
"Menino de Mil Mundos"
Menino de mundos mil
Que mil mundos tu dominas
E neste vil mundo tu sobrevives
Quantas vezes vais tu, nele, ao fundo…
Quantas, da tua dignidade, declinas…
Tu passeias o teu sorriso
Por entre gente, sem siso
Que, neste mundo, desconhece
Como, o amor, acontece
E, tantas vezes, tal ao que parece
Apenas, vive de ódios e maldade
E desconhece a fraternidade
Nem sabe o que, dela, transparece...
Nem um mínimo, que é preciso
É gente que atenta, contra a tua infância!
Que, de modo bestial,
Exploram a desigualdade,
E impõe a sua vontade
Como o faz um animal
Sem usar de qualquer moral
Segue as almas, que bem, ou mal
Tentam por termo à arrogância
Tentam fomentar a tolerância
E que, em tentativa abissal,
Querem exterminar a ganância
As que lutam pela igualdade
Que lutam pela fraternidade
Provocando grande ânsia
Em mundos de mil vontades
Que proliferam, em mentes doentes
Para quem mil mundos seriam insuficientes
E que, sem qualquer pudor, camuflam as verdades
apsferreira
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Menina de triste olhar
Menina de triste olhar
Teus cabelos cor do sol fizeram-me sonhar
E à minha infância voltar
Quando só queria correr e pular!
Olhando-te entristeço
Apercebo-me que bem diferente de mim,
Tua infância não vives...
Apenas sobrevives!
Tu que brincas pela rua
Vives a idade da inocência...
na violência
Olhos carregados e tristes...
como da mais negra nuvem nos dias de tempestade
chovem deles a revolta
pela falta de caridade
Descarregas relâmpagos de raiva
desse teu corpo frágil
jogando e correndo...tão ágil!
Da crueldade fizeram tua morada
De tua cama a pancada
Teu rostinho não descansa na almofada
Apenas...na bofetada!
Defendes-te... sendo por fora dura
Pobre criança de alma nua!
Aprendeste a não confiar
E para sobreviver... a enganar...
até a roubar
Para a fome e o frio não te matar!
Com tua dor não posso terminar...
Apenas amenizar!
Pobre menina de triste olhar
Que irá o futuro te reservar?
Fátima Rodrigues
Crianças, frágeis sementes
Fátima Rodrigues
terça-feira, 15 de junho de 2010
Sorriso de Criança
Nasce a esperança
A alegria, o sorriso
Do ventre da mãe
Nasce a criança
Do sonho, à realidade
São nove meses de gestação
Momentos de ansiedade
De esperança, emoção
A criança nasce
De colo em colo balança
Sente-se a alegria
Cresce a esperança
De viver num reino de fantasia
O tempo passa
A criança cresce
Sente-se a mudança
Vinda do sorriso dessa criança
Criança,
Vive a sorrir
Cantar,
Correr,
Saltar
Vive essa idade
Que te deixará saudade
Mais cedo ou mais tarde
Ser criança,
É sentir alegria
É viver intensamente
A luz do dia
Ricardo Pacheco
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Ser Criança é Ser Poesia
é receber carinho noite e dia
e crescer pela mão de um pai
que sabe ser criança.
Cada brincadeira
é um poema de inocência,
escrito num sorriso.
Ser criança
rima com esperança
declamada no colo de uma mãe.
Ser criança
é um verso de amor,
um céu de alegria
que infelizmente não toca
os olhos de todas as crianças.
Henrique Fernandes
Ser Criança
É poder dançar a dança
Do Divino.
É estar ainda perto da energia pura
Que nos cria(em ali)ança
É ser menina
Ou menino
Por inteiro. De verdade,
Nem pensar em idade
É amar de corpo e alma
E na brincadeira
Buscar a calma
E na corredeira
Lavar a alma.
Ser criança
É a pujança
Do sorriso.
É, com certeza,
Ter juízo.
Que o juízo está no peito,
Deslocá-lo é desrespeito
À lei natural das coisas
A lei que nos ensina de fato
Que somos filhos do sol
E do mato
Somos parte do rio e do mar
Somos riso por tudo e por nada
Somos prantos de alma lavada
Somos luz desta imensa luz
Que nos faz fluir verdadeiros
Essência pura e primeira.
Ser criança
É barrar sem saber
As prisões que se oferecem
Para impor que cresçamos e deixemos
Cada dia mais de lado
A pureza que mora em nós e sempre morará
É deixar-se viver sempre no natural estado
É permitir-se estar sempre neste Espaço Sagrado,
Onde moram as fadas e os magos
O Divino e a luz.
É um rio onde nos deleitamos
E nadamos nus
Isto, sim, é ser criança...
Lila Marques
sexta-feira, 11 de junho de 2010
O meu, o teu, o nosso Mundo!
sem aconchego,
sem conforto...
O seu despertador são tiros pelo ar,
são gritos de desespero,
de morte,
de dor...
Ele não faz birra para ter uma bonita bola de futebol
ou para ter uns ténis de marca...
Ele joga à bola com uma lata
e pontapeia descalço...
Saltando,
correndo
e até rindo!
Ele não chora porque não quer comer
ou porque prefere antes umas guloseimas...
Ele chora porque tem fome,
porque tem sede...
Ele não deseja não ir à escola,
não fazer os trabalhos de casa...
Porque ele não sabe escrever,
não sabe ler...
Mas sabe o que é trabalhar!
E falamos nós nas politiquismos em direitos de criança?
Em direitos de igualdade?
Paramos nós um segundo para pensar no que não queremos ver?
No que fingimos não saber?
Mas que faz parte do meu,
do teu,
do NOSSO MUNDO...
Danyfilipa
quinta-feira, 10 de junho de 2010
A idade dos porquês
Vejo-me questionada
Sorrindo quase choro
Resignada imploro:
Ai, meu Deus….
Porque é azul o céu?
Porque o sol é quente?
Como o bebé nasceu?
O que é adolescente?
Porque a relva é verde?
Para que serve a chuva?
Porque há gelo no inverno?
O que é o inferno?
Porque está calor no verão?
Porque bate o coração?
Para que serve a língua?...
Espanto descomunal…!
Abandono o racional
Desato à gargalhada
Sinto-me inchada…!
Um fascínio de idade
Pureza de ingenuidade.
Ser mãe é maravilhoso
Sonho dos sonhos, delicioso.
É engraçado
E desconcertante
O teu rosto espantado
Na descoberta do mundo.
Clarisse
O nosso acordar
Levanto-me, vejo a hora
Está na hora de me ir embora.
Acorda meu pequenino
Olha este dia matutino
Está um lindo sol lá fora
Anda meu amor!
Deixa tirar o cobertor
Está na hora de irmos embora!
“Tenho frio” - sempre a resmungar
E eu aflita a ver as horas passar…
Faço um trapézio para o vestir
E nem um arrepio sentir.
E já com os nervos em franja
Paciência nem sempre se arranja
Lá o visto debaixo dos lençóis
Ardem em mim mil sóis.
Já em direcção da cozinha
A hora cada vez mais curtinha
Micro-ondas a todo o vapor
O que vai comer o pequenino grande amor?!
Enquanto reúne os membros da assembleia
E tomar a decisão mais acertada
Caminho eu para a epopeia
De me vestir em frio apressada!
Quando regresso à cozinha
Eis que sou informada:
“Mãe, quero cereais na malguinha”,
Lá vou eu agitada!
Olho a hora,
Vamos lá sair pela porta fora
Saio com o pé direito
Penso em Deus e encho o peito
Vamos à batalha de mais um dia
Haja força e alegria…!
Clarisse
Criança Feliz
Estou nos quadrinhos
Sou princesa heroína
Em cavalos alados ando
Sapos ou borboletas
Beijo em sonho
Fofa relva da vida
Afaga-me lembranças
Sou criança Feliz
Tenho risos frouxos
Gargalhadas ou choro
Nos achados e perdidos
Trago comigo palmadas
Doces ardidas e sentidas
Se merecidas não importa
Muita Arte fiz e farei
Sou criança feliz
Brinco e me divirto
De roda e saltitos
Pulo corda simples e em cruz
Rodo peão na sala de banquetes
Atiro dados no tapete
Bato pé no chão
Não vou nanar
Sou criança feliz
Marialds
quarta-feira, 9 de junho de 2010
A Festa Genial
Viram-se tomados, por uma ideia genial
A de organizar uma enorme festança
Sem deixar por fora nenhuma criança
De imediato embarcaram no trenó
E rumaram em direcção às estrelas
Pois, na festa, gostariam de vê-las
A servir refresco, com pão-de-ló
Passaram na mina do chocolate
Raparam o panelão das amêndoas
Ambos vestiram-se de escarlate
Tão felizes, eles já estavam vendo-as
Porém, quando sobrevoarem a grande África
Eles repararam, que a situação era trágica…
apsferreira
Ser Criança
De quem vive, com alegria
É gostar de andar de mão dada
É ter viva esperança, numa fada
É, ter capacidade para acreditar,
E, tendo fome, e fome a sentir,
Por ter a capacidade, de amar
Ainda, ser capaz de repartir
É abraçar, sem medo, a verdade
E dizer “sim”, com sinceridade
E ao olhar o mundo em volta
Não se sentir qualquer revolta
É ser capaz de jogar à bola
Sem ter um naco de pão na sacola
Dar a cara por um amigo
Sem pensar no próprio umbigo
É dar o verdadeiro; o real valor
À amizade, ao carinho e ao amor
E compreender, com indulgência
O desamor, e falta de paciência
E vendo a sua infância a ser agredida
Com o coração partido e a alma ferida
Ser capaz de baixar, o olhar ao chão
Perante tanta e tão brutal incompreensão
Ser criança é conseguir-se aceitar
Apenas, o que mundo tem para dar
E em cada manhã, em cada dia
Recomeçar, de novo, com alegria
apsferreira
terça-feira, 8 de junho de 2010
Coelhinho Sapeca
Antes de sua fuga convidou os amigos pra festa
Ele queria toda a bicharada que vivia na fazenda
Contaria uma história sobre o que seria a merenda
Ia ter capim, ops aipim ou será que era pudim?
Todos se enfeitavam com laços e fitas de cetim
Claro que as femininas o do lado masculino não
Lá na fazenda eles é que mandavam… Senão!
Foram chegando todos alegres e muito animados
Só tinham um medo encontrar os patrões avisados
Espreitando a hora da chegada, por todos tão esperada
Foram se reunindo e pouco a pouco a festa foi formada
Enquanto todos se divertiam nem sequer perceberam
O coelhinho saiu de fininho, e, eles dele se esqueceram
Ângela Lugo
Nota do autor:
“Ser criança é a melhor época de nossa vida
Em tudo acreditamos e a inocência desperta
Com historinhas encantadas que encantam
E com elas sonhamos”
Festa Junina
Tem festança lá no arraial
Com bandeirinhas coloridas
E uma variedade de comidas
Quadrilhas se apresentando
Todos juntos cantando
A fogueira todos rodeando
O crepitar da lenha vibrando
Neste mês tem dia de stº Antônio
Stº João, stº Pedro, stº Paulo um fascínio.
Imaginem até barraquinha de beijos tem
E não se há de cobrar nenhum vintém
Com música típica e animada
Levantando dos bancos a moçada
As moças rodando as saias de babados
Os moços o barulho com os sapatos
A criançada espera o casamento
Que este ano é do noivo Sargento
Sua noiva é filha do velho rabugento
Que ansioso espera pelo momento
Afinal a festa ainda está só no começo
Ainda vai ter muita festa, reconheço
Vale a pena ficar, deixando contagiar
Em todos à alegria vibrar até o sol raiar
Ângela Lugo
Nota do autor:
“Ao João damos as mãos
Ao Antônio o coração
Pedro e Paulo emoção
Então vamos dançar
Estes dias festejar
Com animação e alegria”
Galofredo
Sua estimada amiguinha ficava amuadinha
Lá bem no fundo junto com outra escondidinha
Cochichavam uma com outra dele um segredo
Ele gostava mesmo da vizinha magricela
Que mais parecia um pavão com sua cor
Ele não se importava poderia ser até beija flor
O que ele queria era ser o namorado dela
Mas no outro galinheiro ele não cantava não
Lá já tinha dono que cuidava o tempo inteiro
Cuidando de suas amiguinhas em seu terreiro
Não adiantava de nada emanar a sua admiração
É… Galofredo a rinha nunca ficará para ti pronta
Pois de que adiantaria brigar por uma causa tonta
Ângela Lugo
Nota do autor:
“O que tem dono pode ser até admirado
Mais jamais pelo coração desejado”
Pobres criaturas…
Almas perdidas
Por todos renegados
Precisam de palavras comedidas!
Nascem assim…
Ao mundo não pediram para vir
Feliz de quem assim não é
E de quem nunca isto virá a sentir!
Crianças? Alguns sim…
Outros com a mesma mentalidade
Somente num corpo mais crescido
Não têm culpa da falta de sanidade!
Precisam de respeito
São seres vivos como qualquer um
Apenas precisam de mais cuidados
Mas muitos não têm nenhum!
São abandonados por todos
Até pela família esquecidos
Só porque são diferentes
Nunca foram bem recebidos!
São seres especiais
Que de normalidade não foram dotados
Mas maldade não têm nenhuma
Pobres deficientes abandonados!
Por todos são olhados de lado
Ninguém esta situação quer encarar
A sociedade não lhes dá oportunidades
É mais fácil institucionalizar!
Dianinha
Minha linda menina
Com estes olhos vi-te nascer
Tão frágil e pequenina
Agora não paras de crescer!
És a luz dos meus olhos
Quero sempre te acompanhar
Nos bons e maus momentos
Estarei para te apoiar!
És o meu orgulho
Linda e inteligente
Talvez um pouco distraída
Mas inconscientemente!
Espero ver-te sempre crescer
E adolescente te tornares
Teres os problemas desta fase
E de te ajudar sem receares!
Vais-te tornar adulta
Linda mulher irás ficar
Minha linda afilhada
Para sempre te vou amar!
Dianinha
segunda-feira, 7 de junho de 2010
O Menino de Papel
Desenhei numa estrela
E com salina colei;
Voar ao céu da fantasia
Numa noite que lá passei.
Gostava de ser como tu
Menino que vejo passar
A correr pela calçada
E que chamo p´ra brincar!
Ó minha fada madrinha
Segura na minha mão.
Também sou um pequenino
Também tenho coração!
Com um toque de mansinho
Da varinha de condão
Seria logo um menino
Não sou feito de cartão.
Cobririas com o teu véu
Como uma bola de sabão
Azul clarinho, cor do céu
Tinha a tua protecção…
Brincaria todo o dia;
Comeria pão e mel.
E só para ti sorriria
Com um riso de papel.
Corria para os teus braços
Como o filho para a mãe,
Na cama em que não me deito
Deixando ser um Zé-ninguém.
Carla Bordalo