Um Dia de Anos

Ao acordar

Numa fria, mas linda manhã
Daquelas em que o sol abre
Rompendo as nuvens
E aquecendo o mês de Janeiro…

O sol fazia-se sorrir lá fora
E o Filipe, sonolento
Aconchegado na caminha
E sem vontade de lá sair!

Estava o Filipe assim,
Quando entrou a sua avô
De replante pelo quarto
Onde o Filipe fazia óó.

Meio ensonado e confuso
Ouviu a avó dizer Bom dia.
Com um bolinho na mão…
“Era mesmo o que eu queria!”

“Olá avó! Como estás?
Acabei de acordar!
Que bom, que bom…
Vieste-me visitar!”

Mas o Filipe olhava
Muito atento para o bolinho
Desejava que a avó
Lhe desse um pedacinho

“Mas avó para que é
Essa vela no bolinho?”
“Muitos parabéns!” disse ela.
“Fiz para ti com carinho!”

“Posso comer, posso, posso?”
Perguntou com ansiedade
O pequenino Filipe
Na sua tenrinha idade!

“Meu netinho, é para ti,
O bolinho enfeitado
Comerás o teu bolinho
Depois do banho tomado!”

A festa

Filipe, todo contente
Entra na sala a correr
“Ai que susto, ai que susto!”
Ainda todo a tremer.

Maravilhosa surpresa!
A família reunida!
Os meninos da escola,
E a tia Margarida!

A Patrícia também veio,
A Laurinha e o Marco…
O Artur, irmão do meio
Com um caracol no frasco

O primo António e o João,
A Bea e o Luís Zé!
Brincando já pelo chão
Com a Maria e o André

O bolinho pela mesa,
Tinha agora cinco velas
Enfeitado com carrinhos
Entre as ruas paralelas!

Cantaram os parabéns,
Com vozinhas ajustadas
Ajudaram também as mães
Melodias engraçadas!

No final bateram palmas
Que barulho ensurdeceste!
A Maria deu as vivas…
Que menina inteligente!

Seguiu-se um valente sopro
Parecia encarnado…
Alguém tinha já na boca
Um caramelo agarrado.

O Filipe bem tentou,
Soprar as velas como o vento…
Mas da boca só saía
Um ruído barulhento!

À segunda foi de vez
Quando voltou a tentar,
Soprou com tanta rapidez
Que o bolo foi pelo ar!

Gargalhadas, confusão
Gritos, risos, exclamação!
Todos riam como loucos
Do bolinho pelo chão.

O Filipe ficou triste,
O bolo se estragou
Mas logo veio a Patrícia
E um embrulho lhe entregou.

Com olhinhos a brilhar
Ora a rir, ora a chorar
Os presentes que ganhou
Logo os foi desembrulhar.

Carla Bordalo