POESIA MariaCarla e Amigos para Crianças

Mesmo que um adulto fique a contemplar a arte de uma criança, nunca a conseguirá admirar com olhos de artista.... (mesmo porque estes olhos serão só para o coração de alguns)
Seremos todos envelhecidos em corpos de estátuas. Que assim não sejam as nossas crianças.



Dia Mundial da Criança

1 de Junho

Participação

Vóny Ferreira, Rogério Peixoto, Pedro Martins, João Evangelista, Fernanda Esteves, Inês Dunas, Vitor Neves, Nuno Guimarães, Joana Menano, Nuno Marques, Giselda Marilsa, José Lobo, Roberto Armorizzi, Albano Ferreira, Susan Oliveira, Diana Miriam Dias, Maria Luiza da Silva, Clarisse Silva, Dany Filipa, Lila Marcia Marques, Henrique Fernandes, Ricardo Pacheco, Fátima Rodrigues, Maria Mateus, Paulo Ferreira, Alex Moraes, Graça Fernandes

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Joaninha


Estava a Joaninha

Sua casinha limpar
De chegar acabadinha
Da Covilhã a voar.

Regressou a sua casa
Depois de muito pensar
"Está na hora de partir
Está na hora de pousar."

Limpava esta asseada
Com rigor e precisão
Quando viu algo brilhar:
"-Um diamante pelo chão!"

Mas que sorte encadeada
Mas que brilho no olhar
Disse ela fascinada:
"-É desta que vou casar!"

Foi ao fórum, comprou roupa
Sabonete e perfume
Sapatinhos de costura
Ficou toda num aprume!

Que beldade, que encanto
E com magia a acompanhar
Olhou a vida com espanto
Com um brilho no olhar!

Mal chegou a sua casa
Foi-se logo enfeitar;
Depressa abriu a janela
Quando viu alguém passar.

Um galinho na ruela
Tão bonito de encantar
"Será que abre muito a goela?"
Pôs-se logo a pensar.

"Mas vida é mesmo assim
Não há nada que enganar,
Ele vai gostar de mim
E comigo vai casar!"

Sem perder voz de virtude
Logo foi apregoar
Os valores da juventude
Ela os disse a cantar:

“Perfumada e asseadinha
Quem me poderá olhar
Elegante e arranjadinha
Procuro alguém para casar”

Responde o galo embaraçado
Erguendo o bico à janela
De fatinho e emproado
E rosa branca na lapela:

“- Não sou dono de ninguém
Nem me vou apaixonar
Mas podes vir tu também
Com as galinhas morar!”

Indignada e assustada
De viver no galinheiro
Responde logo magoada
“Que nem por muito dinheiro!”

O galão foi-se afastando
No seu ar encantador
“- As galinhas vou galando
Tu deves ir é ao doutor!”

Mas Joaninha ao ver passar
Um coelhinho todo branco
Pôs-se logo a magicar
Uma frase com encanto:

“Eu sou a dona Joaninha
E não quero galinheiro
Sou meiga e delgadinha
E já tenho um mealheiro”

O coelho de lacinho
Jeitosinho e aprumado:
“- Mas eu sou um coelhinho
Vens viver para o meu prado?”

“- O que comes tu coelho,
As mais tenrinhas cenouras?”
“- Se voares para todo o lado
Vais colhendo das mais louras!”

“- Louro é aquele milho
E quem o come é a galinha!”
Retirou-se o coelho com estilo:
“- Ainda vais ficar sozinha!”

Mas eis que vê com regalo
Ao longe a se aproximar
Um bonito e grande cavalo
P´ra quem se pôs a cantar:

“Perfumada e asseadinha
Quem me poderá olhar
Elegante e arranjadinha
Procuro alguém para casar”

“- Eu cá sou aventureiro
Gosto muito de andar,
Posso ser teu companheiro
Se ervas me quiseres dar!”

“-Tu tens cá um vocábulo
Que mereces da cascalha
Espalhada pelo estábulo
Erva seca como a palha!”

“- Pois, eu não sou casmurro
Fico à sombra do limoeiro.
Vai pedir ajuda ao burro
E viverás no seu palheiro.”

“- Com o burro nada quero
Nem o porco desordeiro!
Por este andar já desespero
Talvez passe um forasteiro”

O burro fez orelhas moucas:
“-Não sou nenhum casamenteiro!”
O porco disse-lhe das boas
“-Gosto mais do meu chiqueiro!”

Já quase pela noitinha
Viu passar ali um gato
Apressou-se a Joaninha
A segui-lo até ao mato:

“- Por onde vais trovador
Nestas noites de luar
Serás tu o meu amor
Queres comigo casar?”

“- Eu sou um felino preto
Estou à espera do lobo e do sapo
Queres juntar-te a um dueto
Na caçada pelo rato?”

“- Mais pareces um Lobato
Empertigado em desfilar!
E nessas noites pelo mato
Cantarolando a namoriscar…”

“-Desdenhas da nossa companhia?”
Pergunta o lobo quase a uivar.
“-Tu vais ficar mas é para tia”
Disse o gato a ronronar.

Pela noite já escura
Voou à sua casinha!
“-Acabou-se a aventura!”
Disse a dona Joaninha.

Carla Bordalo

Sem comentários:

Enviar um comentário